Ninguém sabe o dia de sua morte, pode ser dormindo em casa, dando um passeio de carro, tropeçando na rua, atropelado por um caminhão, em uma cirurgia arriscada, o meu foi quando eu estava indo comprar churros.

Estava eu numa bela noite de quarta-feira em casa, acabara de tomar banho, pronto para dormir. Eis que me surge uma vontade absurda de comer churros, sim, churros de doce de leite. Esta vontade ecoa de maneira tão forte, que consigo sentir o sabor do doce de leite em minha boca.

Mando mensagem pra minha namorada “amor, quer comer churros e pastel agora?” – ela recusa, afinal já eram quase 22 horas, qual o sentido de sair de casa esse horário só pra comprar um mizero churros? Por sua recuza, mando mensagem pro meu cunhado: “brother, vou comer um churros quer ir comigo?” – ele também recusa, dizendo estar ocupado.

Foi a melhor decisão da vida deles.

Desvisto o pijama, coloco o conjunto completo da alpinestars que havia comprado por temer qualquer tipo de acidente com moto. Coloco a blusa, bota, luva e capacete. Eis que penso enquanto colocava “Acho que vou sem a calça de proteção, afinal só vou comprar um churros e voltar”, estava prestes a ir sem calça, mas um outro pensamento rondou “não custa nada vestir a calça apenas por precaução”.

Volto para a sala, tiro a bota, coloco as calças e coloco novamente a bota.

Saio com a moto na tranquilidade, sem pressa, afinal, é só um churros, uma fritura que iria direto para meu coração, além de engordar minha barriga.

Eis que em uma estrada perto de casa, da qual tem um histórico de muuuuuitos acidentes, eu vinha fazendo as curvas na boa, mas em uma delas, senti a moto indo para a contra mão, eis que o sentimento de desespero começou a bater, tento freiar para tentar voltar para a faixa correta, neste momento avisto os faróis vindo na direção oposta, tento controlar a situação tentando voltar para a faixa, mas não dá, ouço um barulho ensurdecedor, e tudo flutuando, tudo leve, o mundo rodando, e a mente com apenas o pensamento “putz”.

Sinto meu corpo se contorcer, e em um movimento insistintivo coloco a mão no chão, fui deslizando pelo asfalto por alguns metros. Ainda atordoado, levanto e corro para ver o motorista, era um casal de idosos, o homem cortou a mão, e a mulher machucou um pouco o rosto e estava sangrando (eles passam bem agora). Eu também passo bem, machuquei a perna, mas nada de grave apenas um inchaço.

ficamos com o pensamento de que “só vai acontecer com os outros” até que acontecer com a gente, quem conhece sabe que eu sou prudente, principalmente com moto, do qual o para-choque é o seu peito. Mesmo pilotando com prudência, com medo, prestando atenção, um dia acontece o tombo.

Estou com um profundo sentimento de tristeza, não pelos bens materiais, mas principalmente pelo casal de idosos. Apesar de ser uma fatalidade, um acidente que nunca desejaria ter acontecido (ainda mais com fato de eu estar vulnerável na moto), ainda assim fica um sentimento ruim na gente.

O sonho da minha vida, realizado há menos de 5 dias, do qual eu dediquei praticamente toda a minha vida acadêmica e econômica para adquirir, transformado em um pesadelo.

Enfim, moto a partir de agora só nos vídeos do Youtube.

Cara de bunda depois do acidente… Obrigado Alpinestars, a roupa realmente aguentou a pancada.

Estado da moto… (ainda não cotei quanto vai ficar o conserto)

Ainda bem que eu não estava correndo e deu pra reduzir a velocidade, senão, adeus Paulo Luan…

O fato é que desta vida nada levamos, do pó viemos e para o pó iremos, então não seja um cuzão, leve a vida menos a sério. Ser feliz é mais sobre a perspectiva e não sobre o fato, saiba ver o lado positivo e feliz das coisas, se a vida lhe taca limões na cara, transforme isto numa limonada. Se tudo estiver uma merda, pense que “tudo passa” e em breve tudo voltará ao normal.

Utilize sempre equipamentos de segurança, ande na velocidade da via, e sempre use cinto de segurança,

Isto pode salvar sua vida.

Espere pelo melhor, mas se prepare para o pior.